Conta, pai. E o pai contava. Era uma vez uma rapariga tão pequenina, tão redondinha, que lhe deram o nome de Maria Ervilha. Dormia numa caixa de fósforos forrada de lã, tomava banho numa concha do mar, brincava com as formigas e os grãos de areia da praia.
E o cão, pai? onde estava o cão que a guardava? E os pássaros, pai? bicavam na rapariga pequenina e redonda, pai? 
Não bicavam, gostavam dela. Um dia veio um pássaro castanho de asas azuis celeste e levou a Ervilhinha no bico escarlate e ela voou com o pássaro sobre as florestas e os rios, os castelos e as pontes, as cidades e os desertos e o pássaro disse-lhe, agora já sabes como a terra é redonda e bela como tu. A rapariga riu-se e a ave cantou.
E o cão pai?
Então o pai construiu-lhe um comboio de madeira com cinco carruagens e foram os dois mundo fora procurar um cão que gostasse de ervilhas também.
Estás a falar a sério pai? Estou.



Bedtime stories de Yvette Depaepe